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Dez 11

Recuamos aos primórdios do séc. XX e ao começo da 1ª Grande Guerra. Na sequência deste conflito e a pensar nos nossos territórios em África, cobiçados pela poderosa Alemanha, Portugal decide aderir ao apelo dos nossos aliados com um Corpo Expedicionário Português (CEP), juntando-se às tropas aliadas, sob o comando de uma brigada inglesa, em Flandres, onde permaneceram longos meses, em condições adversas e debaixo de bombardeamentos sistemáticos.

De imediato nasceu em Lisboa um movimento liderado por Elzira Dantas Machado, mulher de Bernardino Machado, então Presidente da República, denominado A Cruzada das Mulheres Portuguesas, cuja missão era prestar assistência às vitimas de guerra, tanto aos combatentes como às suas famílias, com fins estritamente humanitários.

Sob a orientação da Cruzada de Lisboa, foram criadas Comissões por todo o país e Leiria não perdeu a oportunidade de se assumir cooperante e voluntariosa.

Para o efeito, foi convidada pelo Governador Civil de Leiria para presidir, Maria Laura Charters d’Azevedo Lopes Vieira de Oliveira, pelo seu carácter altruísta, inteligência, bom senso, que  constituiu uma comissão com Margarida Quadros Sampaio Rio, Maria José Pestana Cortez  Pinto, Maria Bárbara Bordalo, Sara Pires Campos de Azevedo Batalha, Maria de Anunciação Costa Santos, Ermelinda Cacela Gaio, Conceição Pereira dos Reis, Maria da Nazaré Teixeira da Silva, Aurora Gandra, Maria José Nogueira Jordão, Alcina Barreto Pereira dos Reis, Constantina Falcão Barbosa, Maria Henriqueta Mascarenhas e Mesquinha.

Com esta comissão colaboraram muitas outras mulheres leirienses,  associando-se com elevado espírito de solidariedade e amor ao próximo, conscientes que a sua acção  seria imprescindível. O objectivo era angariar donativos para fazerem face às principais necessidades dos militares e das suas famílias, em especial as mais carenciadas e dotá-las de bens essenciais, nomeadamente roupa e calçado.

Primeiramente e para obter os primeiros recursos materiais deliberaram obter cotizações através de associados. Desenvolveram acções diversas para angariar receitas desde sessões animatográficas,  no Teatro D. Maria Pia, com sessões de cinema, quermesses no Jardim Público, eventos culturais e outros.

Destaque para a ajuda que esta Associação prestou aos portugueses prisioneiros, na Alemanha onde eram miseravelmente mal tratados, ao enviar-lhes cobertores, camisolas e meias de lã, boinas, ceroulas, pois a falta de agasalho era um dos grandes sacrifícios a que estavam sujeitos.

Foram estas mulheres fontes de conforto como Madrinhas de Guerra ao escreverem cartas aos combatentes, tendo também por sua conta gerir a correspondência entre os militares e as famílias, a falta de notícias, receberem as suas reclamações, saber dos atrasos dos subsídios que os mais necessitados tinham direito a receber, etc.

Esta Subcruzada de Leiria nasceu a 6 de Maio de 1916 e cessou a sua actividade em Junho de 1919. Enfrentou algumas situações complicadas mas a que mais a marcou foi o falecimento da presidente Maria Laura Lopes Vieira e Oliveira, figura de destaque no meio social leiriense, que deixou um grande vazio nas actividades de carácter social e em diversas organizações, prestigiando-as.

Foi então substituída por Margarida Quadros Sampaio Rio.

Para mais informação a Folheto Edições & Design publicou A Cruzada das Mulheres Portuguesas de Leiria, da autoria de Ana Bela Vinagre. Leiria, 2008.

publicado por Ana Bela Vinagre às 22:19

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