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Domitília de Carvalho, nascida em 1871, detém um lugar de destaque na História das Mulheres do nosso país.

Licenciada em Matemática, Filosofia e Medicina, fez parte das primeiras três deputadas do Estado Novo. Nesta qualidade, foi intervencionista numa acção regionalista defendida pelo distrito de Leiria, através da Casa do Distrito de Leiria, ao assinar um documento, em 21 de Dezembro de 1937, pedindo o regresso do Distrito à anterior Divisão Administrativa, na sequência do Código Administrativo de 1936.

Domitília Carvalho sensibilizada para o assunto, talvez pelo elo que a mantinha Leiria, onde frequentou o Liceu Nacional com notável distinção, a manifestar a uma invulgar apetência para a vertente científica, aceitou o desafio.

Pacifista, feminista, vanguardista, num mundo onde a mulher começava a dar os primeiros passos na vida cívica e política, defendeu a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, empenhando-se na transformação da Escola Feminina Maria Pia, no primeiro Liceu feminino em Portugal, o Liceu Maria Pia (1906).

Quando ainda frequentava o 2º ano de Medicina na Universidade de Coimbra e durante uma visita da rainha D. Amélia, foi-lhe Domitília Carvalho referenciada pelas suas elevadas qualidades académicas, ao que a soberana distinguiu com a atribuição de um subsídio para continuar os seus estudos.

A convite da rainha, em 1904, foi trabalhar para Lisboa, na então recém criada Associação Nacional da Tuberculose. Prestou serviço no Centro Materno-Infantil que abriu as portas na que foi depois a Maternidade Magalhães Coutinho.

Sendo brilhante na área científica, Domitília de Carvalho denotava uma sensibilidade poética que a levou à composição de alguns poemas, que a tornaram conhecida, também neste campo. Aqui fica um dos muitos que nos deixou e que confirma o carinho e o gosto pela região de Leiria, ao dedica-lo a S. Pedro de Moel.

 
                                                    

À beira- mar 

 

É tarde. O sol poente esparge em sua estrada

                    Uns laivos purpurinos.

Ouve-se, muito longe, a plangente toada

                    Da musica dos sinos.

 

As ondas de esmeralda, arfando – a uma e uma   

                   Vêm na praia expirar.

Envolve-as de branco o manto seu de espuma,

                   De flocos de luar.

 

Em breve a meiga lua, e o fulgido cortejo

                   De estrelas pequeninas,

Surgirão a inundar n’um luminoso beijo

                   As águas cristalinas.

 

A vaga a marulhar repete docemente

                   Algum segredo ouvido…

Sinto que ela me diz, em sua voz dolente,

                   Um nome estremecido,

 

Quando o sol já se oculta e deixa em sua estrada

                   Uns laivos purpurinos,

E se ouve, lá ao longe, a plangente toada

                   Da musica dos sinos.

 

publicado por Ana Bela Vinagre às 19:51

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