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O Teatro em Leiria teve uma actividade intensa desde o princípio do séc. XIX, com a fundação de vários teatros, o primeiro dos quais fundado por um inglês W. Young, que veio para Portugal durante as invasões francesas, em 1818, designado Teatro do Relego, na Rua de S. Brás, ao Terreiro.

Ainda e depois do Teatro da Palha, do Teatro do Farelo, do Teatro de S. Pedro, do Teatro Moderno e do Teatro do Cêbo, Leiria vê-se dotada de uma sala de espectáculos das melhores da província -  o Teatro D. Maria Pia que marcou o período áureo da arte da representação.

Os protestos e reclamações da população face à inexistência dum teatro moderno e bem localizado que respondesse cabalmente às aspirações locais e que dignificasse a cidade, teve eco num grupo de leirienses liderado por Miguel Joaquim Leitão. Foram seus colaboradores Barão de Salgueiro, Tomás de Aquino Vitor, João Lúcio Lobo e António Rino Jordão.

Edificado no campo de D. Luís, actual largo de Goa, Damão e Dio, apresentava uma arquitectura simples, mas o espaço interior era de elegância e um luxo, de bom gosto, com um tecto ornamentado a dourado, com um pano de boca lindíssimo importado de Milão, um palco amplo, camarins espaçosos. A sala em ferradura era iluminada com  numerosos candelabros suspensos dos camarotes, cujos corrimões forrados a veludo carmesim, lhe emprestavam um toque de incomparável requinte.

Foi lançada a primeira pedra no dia 3 de Outubro de 1878 e inaugurado em 8 de Dezembro de 1880, com um brilhante espectáculo, produzido e interpretado por artistas leirienses. Teve os seus estatutos aprovados por alvará do Governo Civil de Leiria, em 2 de Julho de 1880.

O D. Maria foi o pólo cultural, educacional, beneficente da cidade, por excelência.

As melhores companhias de teatro foram aplaudidas pelas suas frisas,  camarotes e plateia. Os mais conceituados artistas nacionais e muitos internacionais pisaram o seu palco, mas também artistas leirienses ofereceram espectáculos de grande qualidade, que levaram ao rubro o seu público.

Também diversas peças de alguns autores da cidade obtiveram o maior sucesso.  Leiria - Marca, Água da Fonte Grande, de Horácio Eliseu, as operetas Alda e a Condessa Helena, de João Pereira Gomes, autor da letra e de José Zuquete, da parte musical, foram alguns deles.

Ao longo de muitas décadas a imprensa de Leiria dedicou inúmeros artigos sobre todos os acontecimentos e espectáculos que por ele passaram e que nos dão uma panorâmica da sua actividade e importância que ele teve na sociedade leiriense.

Acolheu para além do teatro, récitas, concertos, operetas, congressos, exposições, promovidos pela própria associação ou sob a forma de cedência a instituições públicas e privadas. O aparecimento do cinema veio também dinamizar a actividade do Teatro.

Após algumas décadas, a lotação deficitária, a degradação do edifício e a situação financeira decadente, leva à tomada de medidas que levantou polémicas, provocou indecisões, e até foi equacionada a sua demolição. Reagiu a esta proposta um grupo constituído por Adelino Henrique Pereira de Faria, Engº Alberto Martins d’Azevedo Zuquete, Albino de Paiva Rebelo, Tenente Álvaro Pires de Miranda, António de Azevedo Batalha e o General José Franco, Rui Acácio da Silva Luz entre outros.

Alterados os estatutos para uma reestruturação da Associação  e melhor adaptação aos tempos modernos, a nova administração, assume o projecto com novo fôlego e uma significativa melhoria da situação económica e financeira.

Mas os anos quarenta trazem o sonho de construir um grande teatro. A falta de segurança do edifício, algumas vezes encerrado por ordem da Inspecção dos Espectáculos, obriga a Associação a elaborar um projecto de obras. O edifício estava velho, a sua lotação não se coadunava havia muito com as exigências da cidade. Por outro lado, não havia na época  sensibilização para uma política de conservação do Património Cultural. Estes e outros factores levaram à projecção de um Cine-teatro a construir-se no local do velho teatro, obrigando assim à sua demolição.

O último espectáculo teve lugar nos primeiros dias de Janeiro de 1958, durante o qual foi anunciado a desmantelamento do espaço.

Até ao novo projecto ganhar corpo, foi alugado um barracão, para onde foram transferidas as cadeiras, o restante equipamento e todos os maquinismos cinematográficos. Ali funcionou desde 12 de Janeiro do referido ano, assistindo a um processo doloroso, numa sucessão de conturbados episódios, até à inauguração do Teatro José Lúcio da Silva.

 

 

publicado por Ana Bela Vinagre às 22:07

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